24.1.07

Passei tanto, tanto tempo me espreguiçando na areia.

Um som ferroviário parte de algum lugar
entre as ondas do mar azul.
o grande metrô oceânico
e o rugido ainda mais profundo
da grande confusão do Universo.
Um arrastar e gemer
como se alguma grande criatura se movesse entre o céu e a terra.
Um bilhão de pequenas vozes murmurando
angústias ancestrais.
Gemidos subaquáticos nos alto-falantes do mar.
A voz do planeta fazendo o chão estremecer
nos ecos intermináveis
de todas as formas de vida perdidas na noite
e suas memórias
desenrolando-se como uma fita cassette
através dos sintetizadores do tempo.
O Caos revelado
de volta a suas harmonias
primordiais
à primeira luz
do início de tudo.


E como se nada fosse
no rastro da sombra que
o bendito, infinito, sei lá o que
corpo deixa
soma-se dor e saudades.
Seria bem mais fácil se
o seu grito fosse ouvido
por toda parte,
melhor,
se fosse entendido, notado.
Faça-se luz!

E fez-se.
Para os olhos negros
de quem não quer mais ver,
fez-se.

Caos!