22.5.06

NOMES

Vai Carlos, amar na vida. Ouviu essa frase parecida com a de Drummond e acreditou piamente em verdadeiras maquinações do tempo. O nome, Carlos, igual o do poeta, apenas reforçou a sensação de vitória que viria.
Andou pelas ruas dias, semanas, erguendo bandeiras e desembainhando espadas. Virou um Quixote, sem Sancho ou Dulcinéia específica. Acreditava que sozinho gastaria o amor da alma de forma mais sensata. Distribuindo por igual entre os que desconhecia e saudava, como quem sabe a que veio na vida.
Cada gesto era pensado. Um Carlos de verdade, como seu próprio nome indica, homem que não deixa passar batidas as oportunidades, principalmente as de amor, que são tantas e infinitas combinações diferentes.
Foi assim durante muito tempo, Carlos amou e encarou tempestades com o peito aberto e a esperança do Milagre cuja forma ele nem sequer imaginava.
Até que Celina, a diáfana. Nascida para objetivo de sólidas conquistas, inquilina de céus sem nuvens e ares imóveis.
Ela apenas observava. Ele se entregou.
As ruas perderam a graça, os outros perderam o amor. Celina perdeu sem lutar. Carlos perdeu o dom. Amanda, que nada tinha com isso, amou Carlos e Celina.
Ela sim amou na vida.